O que são drogas lícitas: entenda os riscos além da legalidade

Drogas lícitas são substâncias permitidas por lei mas podem trazer sérios riscos à saúde. Conheça os tipos, efeitos e como buscar ajuda.
O que são drogas lícitas entenda os riscos além da legalidade

Já parou pra pensar que algumas das drogas mais perigosas são vendidas na esquina? Ou até na sua farmácia?

As drogas lícitas fazem parte do nosso dia a dia. Estão nos bares, nos mercados, nas propagandas.

E muita gente nem considera que são drogas.

O álcool no happy hour. O cigarro após o almoço. Os remédios para dormir.

Mas o que torna uma droga “lícita” não é sua segurança. É apenas sua situação legal.

Vamos entender melhor esse mundo das substâncias permitidas por lei. E por que devemos ficar atentos.

O que caracteriza as drogas lícitas?

Drogas lícitas são substâncias que alteram o funcionamento do corpo ou da mente. A diferença? O governo permite sua produção e venda.

Elas seguem regras específicas. Idade mínima para compra. Locais autorizados. Avisos sobre riscos.

Sua legalidade vem de fatores históricos e culturais. Não significa que são inofensivas.

As drogas consideradas lícitas possuem aceitação social e cultural, mas isso não reduz seus potenciais danos à saúde, podendo causar dependência e diversos problemas físicos e psicológicos” (ALVES, 2018).

A fronteira entre lícito e ilícito varia entre os países. Muda com o tempo também.

O álcool já foi proibido nos EUA. O cigarro já foi totalmente liberado em ambientes fechados.

A fiscalização nem sempre funciona. Menores conseguem comprar bebidas. Remédios são vendidos sem receita.

E essa falsa sensação de segurança aumenta os riscos.

Quais são as drogas lícitas

As drogas lícitas mais comuns estão tão presentes que quase não as reconhecemos como drogas. Vamos ver as principais.

Álcool

O alcoolismo apesar de ser o vício mais presente na sociedade, o álcool é a droga lícita mais consumida no mundo. Está presente em festas, comemorações e almoços de família.

Age como depressor do sistema nervoso. Afeta o cérebro e altera comportamentos.

Uma taça de vinho parece inofensiva. Mas o consumo regular cria tolerância. Logo duas taças não bastam.

Vi pacientes que começaram bebendo socialmente. Anos depois, não conseguiam passar um dia sem álcool.

Ana, de 42 anos, me contou: “Eu bebia só nos fins de semana. Depois comecei nas quintas. Então nas quartas. Era minha recompensa por um dia difícil.”

O fígado sofre primeiro. Depois vêm problemas cardíacos, digestivos, neurológicos.

E os acidentes de trânsito? O álcool está entre as principais causas. Uma tragédia evitável.

Tabaco

O cigarro contém nicotina. Uma das substâncias mais viciantes que existem.

O fumante nem percebe como fica refém. Precisa fumar logo ao acordar. Após as refeições. Durante o estresse.

O corpo se adapta rápido. E a abstinência é cruel. Ansiedade, irritabilidade, fome.

João, fumante por 30 anos, comparava: “É como ter um amigo tóxico. Você sabe que faz mal, mas não consegue se afastar.”

O câncer de pulmão é só a ponta do iceberg. Problemas respiratórios, cardiovasculares, de pele.

E o cigarro não prejudica só quem fuma. O fumante passivo também adoece.

Mesmo assim, a indústria continua lucrando bilhões.

Medicamentos psicotrópicos

Os remédios controlados são drogas lícitas com uso médico. Ansiolíticos, antidepressivos, analgésicos.

Usados corretamente, salvam vidas. Mas o abuso é comum e perigoso.

Benzodiazepínicos como Rivotril e Lexotan criam dependência rapidamente. São vendidos com receita azul.

Mesmo assim, muitos conseguem sem prescrição. Ou usam por anos sem reavaliação médica.

Marina tomava Rivotril para dormir. “Comecei com meio comprimido. Depois um inteiro não fazia mais efeito.”

A automedicação agrava o problema. As pessoas aumentam a dose por conta própria.

Opioides como codeína e tramadol também preocupam. Nos EUA, causaram uma epidemia de mortes.

A linha entre uso terapêutico e abuso é tênue. E muitos atravessam sem perceber.

O perigo e riscos das drogas lícitas

As drogas lícitas matam mais que as ilícitas. Isso não é opinião. São dados da OMS.

O álcool causa 3 milhões de mortes por ano no mundo. O tabaco, mais de 8 milhões.

E não falamos só de mortes. Falamos de vidas prejudicadas. Casamentos destruídos. Carreiras arruinadas.

A dependência química muda o cérebro. As drogas lícitas não são exceção.

“A dependência química é uma doença crônica caracterizada pela busca e uso compulsivo de substâncias, apesar das consequências negativas, com mudanças significativas na estrutura e funcionamento cerebral” (LARANJEIRA, 2014).

No consultório, vejo pacientes surpresos. Não sabiam que estavam desenvolvendo dependência.

O risco maior está na normalização. “Todo mundo bebe.” “É só um cigarro.” “Este remédio foi receitado.”

O acesso fácil também contribui. Você não precisa de contatos especiais para comprar álcool.

E os jovens são especialmente vulneráveis. O cérebro em desenvolvimento sofre danos maiores.

Outro ponto: as drogas lícitas frequentemente são “portas de entrada”. Não é regra, mas acontece.

O dano social também é enorme. Violência doméstica. Acidentes. Absenteísmo no trabalho.

Afinal, o legal nem sempre é seguro.

Como buscar ajuda para problemas com drogas

Admitir um problema com drogas lícitas é difícil. A sociedade normaliza seu uso.

O primeiro passo é reconhecer os sinais. Você usa mais do que gostaria? Tenta parar e não consegue?

Se preocupa com a próxima dose? Sua família comenta sobre seu uso?

Se sim, talvez seja hora de buscar ajuda.

Opções de tratamento disponíveis

Existem vários caminhos para a recuperação. Não existe fórmula única.

Os CAPS-AD (Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas) oferecem atendimento pelo SUS. São gratuitos e eficazes.

Clínicas particulares são uma opção. Vão desde tratamentos ambulatoriais até internações.

Grupos de apoio como Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos ajudam milhões. Funcionam com a troca de experiências.

A terapia individual também é fundamental. Um psicólogo ou psiquiatra especializado faz toda diferença.

Tratar só o vício não basta. É preciso entender suas causas. Lidar com traumas. Desenvolver novas habilidades.

No tratamento de Paula, percebi isso claramente. Ela bebia para lidar com a ansiedade. Precisava aprender outras formas de enfrentamento.

O papel da família na recuperação

Ninguém se recupera sozinho. A família é peça-chave nesse quebra-cabeça.

Mas cuidado com a codependência. Familiares precisam entender seus limites.

Grupos como Al-Anon (para familiares de alcoólicos) oferecem suporte. Ensinam a ajudar sem adoecer junto.

A família deve aprender sobre a dependência. É uma doença, não uma escolha moral.

O ambiente familiar pode ajudar ou atrapalhar. A casa sem bebidas alcoólicas. O apoio nas recaídas.

Como diz Carlos, em recuperação há 5 anos: “Minha esposa não desistiu de mim quando eu mesmo já tinha desistido.”

O tratamento familiar não é luxo. É necessidade.

Conclusão

As drogas lícitas estão entre nós. Nos comerciais coloridos. Nas festas. Nas farmácias.

Sua legalidade cria uma ilusão de segurança. Mas os números não mentem.

Dependência química não escolhe substância. Álcool, tabaco, remédios – todos podem levar ao mesmo lugar escuro.

Informação é o primeiro passo. Conhecer os riscos. Questionar padrões de consumo.

Se você ou alguém próximo luta contra a dependência, saiba: há saída.

O caminho não é fácil. Tem altos e baixos. Requer paciência.

Mas milhares se recuperam todos os dias. E você também pode.

Busque ajuda. Dê o primeiro passo. A vida além das drogas lícitas existe. E vale a pena.

Referências

ALVES, Roberto. A normalização social das drogas lícitas e seus impactos na saúde pública. Revista Brasileira de Toxicologia, v. 31, n. 2, p. 45-53, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/8bBs78WpZKvtcQR4sTpKfpQ/

LARANJEIRA, Ronaldo. Tratamento da dependência química: as bases e os mitos. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 41, n. 2, p. 60-67, 2014. Disponível em: https://feccompar.com.br/wp-content/uploads/2023/05/drogas2.pdf

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